Episódio
anterior | Próximo
episódio
Sinopse:
Vários sistemas da Enterprise
começam a falhar, preocupando a tripulação. Após algumas
investigações, T'Pol descobre que há algo logo atrás da nave,
distorcendo o campo de dobra --o que poderia ser a causa para os
defeitos. Na tentativa de descobrir do que se trata, Archer ordena
que um torpedo provoque a ignição do plasma atrás da nave. O
procedimento revela uma nave camuflada.
Ao serem
descobertos, os alienígenas respondem, esclarecendo que não tinham
intenções hostis, e estavam apenas "pegando carona" no
campo de dobra da Enterprise, uma vez que seu próprio motor de
dobra estava defeituoso. Archer avisa que o procedimento está
danificando sua nave, mas se oferece para ajudar. Ele envia seu
engenheiro-chefe, Charles Tucker, para consertar o motor da nave
alienígena.
Após um penoso período de descompressão que durou três horas,
Tucker adentra o veículo alienígena --pertencente aos Xyrillianos.
Ele se sente muito mal a princípio, mas após um breve descanso,
já volta a estar apto para trabalhar no problema. Durante o
período de aclimatação, ele é ajudado por Ah'Len, a
engenheira-chefe da nave.
Os dois
rapidamente se põem a trabalhar juntos e logo conseguem restaurar o
sistema. Durante as duas horas em que seria necessário esperar que
o núcleo voltasse a operar, a engenheira decide levar Tucker para
conhecer uma de suas tecnologia --uma sala capaz de criar
projeções holográficas incrívelmente precisas, realistas e
sólidas. Ela primeiro demonstra o equipamento recriando seu
próprio planeta. Depois, transporta os dois para um barco, onde
eles praticam o que ela descreve como um jogo: os dois colocam as
mãos em uma espécie de bacia cheia de cristais, e então são
capazes de sondar os pensamentos um do outro.
Durante a "partida", os dois são chamados de volta à
engenharia, onde são informados de que os reparos tiveram sucesso.
Tucker se despede de sua mais nova amiga e volta à Enterprise. Mas
logo algo estranho começa a acontecer --uma pequena pretuberância
surge no pulso do engenheiro. Ao consultar o doutor Phlox, ele
descobre com surpresa que aquilo na verdade é um mamilo, e que ele
está grávido.
Archer e T'Pol são
chamados a enfermaria para serem postos a par da situação. Tucker
jura que não teve nenhum contato sexual com outros membros de sua
espécie, apesar das críticas ásperas de T'Pol para com ele. Ele
revela que participou desse "jogo", e Phlox concluiu que
esse poderia na verdade ser o método de procriação utilizado
pelos Xyrillianos. Os quatro decidem manter a situação
constrangedora de Tucker em segredo, pelo menos enquanto uma
resolução não é atingida.
Diante das circunstâncias, Archer decide procurar pela nave
alienígena, para descobrir como ajudar seu engenheiro. Após mais
de uma semana de buscas, a nave foi localizada --camuflada e
acompanhando o traço de dobra de um cruzador de batalha Klingon. Ao
que parece, o conserto de Tucker no motor Xyrilliano não durou
muito, observa T'Pol.
Archer
decide contatar os Klingons, para informá-los de que há uma nave
acompanhando-os, mas que é inofensiva. Ele pede para ter permissão
de contatar os alienígenas, mas é respondido a tiros. O capitão
Klingon responde a um chamado da Enterprise, que tenta dissuadi-los
da idéia de abordar a nave Xyrilliana, pilhá-la e matar todos a
bordo. Archer não tem muito sucesso com sua argumentação, mas
T'Pol intervém, informando aos Klingons de que foi seu capitão que
devolveu Klaang a seu mundo, salvando o Império de uma guerra civil
há um mês. Diante disso, os Klingons decidem ceder, e concordam em
poupar os Xyrillianos em troca de sua tecnologia de holografia.
Os Klingons vão à nave alienígena acompanhados por Tucker.
Enquanto o engenheiro resolve sua situação com Ah'Lem, eles
recebem uma demonstração da tecnologia holográfica, tendo a
chance de "revisitar" seu mundo natal, Qo'noS. Tucker
devolve a criança à sua mãe e volta para a Enterprise. Mas, antes
de partirem, os Klingons dão um aviso: eles não serão tão
benevolentes em seu próximo encontro.
Comentários:
"Unexpected" não é nenhuma obra-prima,
mas é bem melhor do que os nossos piores pesadelos a respeito dele.
Pelo tema --uma gravidez masculina--, poderia ter acontecido coisa
muito pior.
A premissa é mais
velha que a ficção científica, e mais um "high-concept".
O que aconteceria se um homem ficasse grávido? Há mil questões
interessantes e filosóficas para abordar sobre o tema, mas o
episódio opta por uma versão 100% light, sem entrar em grandes
polêmicas ou defender grandes idéias. Trata-se, antes de mais
nada, de um segmento leve.
Embora tenha vários momentos de humor (como não poderia deixar de
ser), não é uma comédia no estrito sentido do termo. As
sequências engraçadas aqui normalmente são fruto de um roteiro
bastante afiado, mas não de desenvolvimentos do enredo. A coisa
felizmente também não chega a cair para o lado pastelão (a graça
não está na situação ridícula e esdrúxula de Tucker, e sim às
reações dele e dos outros personagens a ela).
Por
incrível que pareça, apesar dos muitos momentos de humor, o
conteúdo dramático continua sendo a real força motriz do
episódio, o que é bom, pois transparece muito mais realismo para a
história. Pena que falte profundidade nesse sentido --mas também
seria difícil explorar muito mais da condição de
"grávido" de Tucker, com apenas 45 minutos e uma
história para contar.
Além da verossimilhança do enredo em geral, a série volta a
primar pelo realismo em se tratando de exploração espacial, como
já havia feito em "Fight or Flight".
Dessa vez, não só a chegada de Tucker à nave Xyrilliana é feita
por nave auxiliar, como também há um procedimento de
descompressão (adaptação gradual para a atmosfera da nave) que
dura três horas para nosso pobre engenheiro. Felizmente não somos
obrigados a acompanhar o tempo todo, mas é maravilhoso ver o tipo
de detalhe a que os produtores estão se prendendo em alguns
momentos.
O ambiente
alienígena é exatamente o que deveria ser --alienígena. A forma
com que foi filmado (com uma leve desaceleração das cenas) ajudou
a realçar o caráter estranho e desconfortável da nave para Tucker.
O efeito é sensacional, fruto de um belo trabalho de direção e
fotografia aliado a uma produção de cenários primorosa.
Voltamos a ter um desbunde de efeitos especiais. Além das tomadas
já tradicionais das naves no espaço, há também a sala de
holografia dos Xyrillianos, o banho de Archer com a gravidade
desligada, com água flutuando por todo o banheiro, e um dos
cenários alienígenas mostra algumas espécies de enguias flutuando
em um imenso tanque. Repare que, à exceção da sala de holografias
(que é a menos impressionante das três), os outros momentos são
totalmente desnecessários à trama. O objetivo é muito mais sutil,
de estabelecer a "cara" da série.
Os
Klingons dessa vez são mostrados de forma muito mais sanguinária
do que na aparição anterior, em "Broken
Bow". Aliás, é um enorme prazer ver que os produtores
dessa vez estão, ao menos minimamente, preocupados com
continuidade. É muito bom o fato de T'Pol só conseguir acertar os
ponteiros com os Klingons mencionando eventos que se passaram em "Broken
Bow" --além de criar um elo maior entre os episódios,
mostra que os personagens (e os roteiristas) não estão
"esquecendo" o que lhes acontece de um segmento para
outro.
A solução para o confronto com os Klingons é, portanto, bastante
satisfatória, assim como a caracterização desses alienígenas.
Embora eles não estejam tão implacavelmente malvados como na Série
Clássica, finalmente pudemos ver que as relações entre
Klingons e humanos não serão nada boas --o que favorece a
manutenção da continuidade com o seriado original. Será
interessante ver como os confrontos entre o Império e a Frota
Estelar acontecerão no futuro.
Mas torçamos para que esse futuro não esteja muito próximo. Se
fosse exigido da Enterprise um combate direto com o cruzador Klingon,
ela seria destruída como se fosse feita de isopor --o que é muito
legal. Finalmente estamos do lado mais fraco, para variar um pouco.
Outra coisa legal de se acompanhar é a futura evolução da
Enterprise para compensar essa inferioridade. E por falar em
evolução, os Klingons pelo visto não farão muita nos próximos
cem anos... o cruzador é um modelo muito parecido (senão
idêntico) ao D-7, modelo apresentado na série original! Será que
John Eaves estava de folga ou não deu tempo de criar um modelo
novo?
Um detalhe que não
agradou (não pelo uso aqui, mas pelas perspectivas que abre) é a
introdução, sem dúvida prematura, de uma espécie de holodeck,
mesmo na forma de tecnologia alienígena. O fato de a tecnologia ser
passada aos Klingons no fim do episódio, nos deixa com a incômoda
perspectiva de ver histórias de holodeck no futuro... que já foram
feitas à exaustão nas outras séries.
Archer, Tucker e Phlox vão muito bem no episódio. O capitão faz o
feijão com arroz, mas Connor Trinneer vai mais uma vez muito bem,
interpretando Tucker. Além de conseguir imprimir a naturalidade
necessária para convencer interpretando uma situação inusitada
como essa, seu personagem parece estar ganhando mais vida a cada
episódio. Não só pela atuação, mas o roteiro também está
ajudando. Por exemplo: aqui descobrimos que o engenheiro está há
12 anos na Frota, e que Archer salvou sua vida quatro anos atrás.
Torçamos para que os roteiristas lembrem-se disso e não contrariem
as informações mais tarde...
Em compensação, T'Pol acabou prejudicada. Embora a atuação de
Jolene Blalock nada deva ao que é pedido dela, o roteiro está
exagerando na ironia e na "emotividade" da Vulcana. Ela é
capaz das ironias que Spock expressava, mas de forma exageradamente
agressiva. Em "Unexpected" isso chega a
descaracterizar a personagem. Está faltando sintonia fina para
evitar a destruição de mais um Vulcano no Universo de Jornada.
Citações:
Phlox - "I am
not quite sure congratulations are in order, commander, but... you're
pregnant."
("Não sei se parabéns são apropriados, comandante, mas...
você está grávido.")
T'Pol - "One of the first things a diplomat learns is not to
stick his fingers where they don't belong."
("Uma das primeiras coisas que um diplomata aprende é não
enfiar seus dedos onde eles não pertencem.")
Tucker - "I am a chief-engineer. I spent years earning that
position. I never had any intention of becoming a working mother."
("Eu sou um engenheiro-chefe. Gastei anos conquistando essa
posição. Eu nunca tive intenção de me tornar uma mãe que
trabalha.")
Archer - "I'd like you to start seeing the doctor every
eight hours. As your delivery date gets closer, he should be able to
figuring out what your post-natal responsabilities might be."
("Gostaria que começasse a ver o doutor a cada oito horas.
Conforme a data do parto se aproximar, ele será capaz de descobrir
quais podem ser as suas responsabilidades pós-natais.")
Tucker - "Post-natal responsabilities...?"
("Responsabilidades pós-natais...?")
Phlox - "You may very well be putting those nipples to work
before you know it."
("Você pode muito bem estar colocando esses mamilos para
trabalhar antes que imagine.")
Archer - "That business about the Klingon chanceler calling
me a brother... is that true?"
("Aquele negócio sobre o chanceler Klingon ter me chamado de
irmão... é verdade?")
T'Pol - "Klingons are known to exagerate. I saw nothing
wrong with doing the same."
("Klingons são conhecidos por exagerar. Não vi nada errado em
fazer o mesmo.")
Trivia:
É a primeira menção de Enterprise a tecnologias
holográficas avançadas, que mais tarde dariam origem ao holodeck.
Charlie Tucker passa pela primeira gravidez masculina e primeira
gravidez interespecífica da história. Connor Trinneer descreveu
esse episódio como "muito divertido". "Eu fico
grávido, mas não é como se eu tivesse sido engravidado",
diz. "É um acidente. Esse alienígena e eu colocamos as mãos
nessas coisas granuladas e lemos as mentes um do outro e próxima
coisa que sei é que eu tenho mamilos nascendo no meu braço."
Julianne Christie já apareceu em Jornada, como o par romântico de
Neelix (a Talaxiana Drexa), em "Homestead", da
sétima temporada de Voyager.
Ficha
técnica:
Escrito por Rick Berman &
Brannon Braga
Direção de Mike Vejar
Exibido em 17/10/2001
Produção: 005
Elenco:
Scott
Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como
T'Pol
John Billingsley
como Phlox
Anthony Montgomery
como Travis Mayweather
Connor Trinneer como
Charlie 'Trip' Tucker III
Dominic Keating como
Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado:
Julianne Christie como Ah'Len
Randy Oglesby como Trena'L
Christopher Darga como capitão Klingon
Regi Davis como primeiro-oficial Klingon
TL Kolman como alienígena
John Cragen como tripulante
Drew Howerton como Steward
Mike Baldridge como Dillard